sexta-feira, 9 de novembro de 2012

                                                         THE GRAND MASTERS
                              "Nas artes marciais não existe certo ou errado, apenas o último homem de pé"


     Para os fãs de cinema e filmes de kung fu, trago com muito prazer a notícia sobre o próximo filme sobre o Patriarca Yip Man!! Produzido por Wong Kar Wai ( Cenas de luta e efeitos especiais - filme Matrix ), The Grandmasters é mais um filme de kung fu que tem surgido nos últimos anos sobre Yip Man e seu Wing Chun devastador. The Grandmasters já vem sendo produzido a mais de uma década, mas finalmente será estreado em 18 de Dezembro deste ano na China, mas passará também nos cinemas de vários países. Diferente dos outros filmes sobre Yip Man já produzidos, The Grandmasters foca a história de outros mestres de Wushu, mas Yip Man será o principal.

     Neste longa metragem Tony Leung interpretará Yip Man. E o que mais chama atenção para os praticantes de Wing Chun da linhagem Applied Wing Chun, é que nosso Grão Mestre Duncan Leung foi o treinador de Tony por cerca de dois anos para ser apto a interpretar Yip Man. Então veremos no filme o Wing Chun da nossa linhagem, o que me traz muita satisfação. Como podemos ver na imagem a baixo, Tony aplica uma técnica (Ching Choy) que raramente se vê em outras linhagens de Wing Chun, este é um soco muito potente que diferente daquele soco que vemos frequentemente com a lateral do punho Wing Chun, é um soco direto e penetrante em posição que se assemelha aos braços de um arqueiro pronto pra atirar uma flecha, um soco que facilmente traumatiza o oponente e que com frequência se vê na Applied Wing Chun.



                                                                           ( Poster The Grandmasters )



     Wong Kar Wai produziu dois trailers do filme, no primeiro trailer vemos Yip Man na chuva com um chapéu branco, lutando contra vários artistas marciais chineses. Nesse trailer é facil perceber a semelhança com as cenas de luta da trilogia Matrix, onde tudo é preto e verde, com pouca luminosidade e com um caráter muito sombrio. No segundo trailer a pouco tempo lançado, podemos ver mais detalhes sobre a história e sobre os personagens que serão apresentados, entre eles está uma personagem que pratica Bagua Zang (Pa Kua Chang) interpretada pela atriz Zhang Ziyi, famosa por participar de filmes famosos de artes marciais como O Tigre e o Dragão, e também O Clã  das Adagas Voadoras. Kar Wai promete que este filme irá revolucionar as formas de filmagem de lutas no cinema chinês, e que com certeza não terá problemas quanto ao número de vendas de bilheteria. A baixo podemos ver o primeiro e o segundo trailer respectivamente:


                                  The Grand Masters - Full Official Teaser Trailer 1






                           The Grand Masters - Full Official Teaser Trailer 2



     Pelo primeiro trailer é fácil de notar que a forma de luta que Tony Leung utiliza é bastante diferente da forma de luta que Donnie Yen utilizou ao interpretar Yip Man nos filmes: "Ip Man" e "Ip Man 2". Em ambos os casos é Wing Chun, mas em The Grandmasters, do diretor Wong Kar Wai, é perceptível pelo trailer um Wing Chun mais brutal, agressivo e mais objetivo, um tanto diferente do Wing Chun nos filmes que Donnie Yen interpretou o Patriarca Yip Man, com um Wing Chun muito bonito, mas muito teatral. Nota-se essa teatralidade em cenas que Donnie Yen desfere vários golpes sem o oponente sequer sair do lugar, porque na vida real não precisariam ser desferidos mais de uma vez, pois, com o primeiro golpe o oponente já estaria se deslocado e  facilmente não se levantaria mais do chão. Muitas linhagens de Wing Chun prezam esse "efeito metralhadora" que a nossa arte marcial possibilita, atitudes eficiêntes num combate real, mas quanto mais centrado nos conceitos filosóficos e marciais, percebemos que não há necessidade de muita movimentação ao atingir determinado grau de frieza e objetividade no Wing Chun.

     Os princípios são: Equilíbrio e foco em linha central, objetividade em curta distância, simultaneidade, simplicidade e economia de movimentos para maior aproveitamento da nossa energia física. Com isso fica fácil de perceber nos filmes o que é mais próximo da realidade quando se trata de eficacidade e grandeza de golpes. Os punhos Wing Chun quebram o oponente, traumatizam e destroem, mas sua filosofia é de pacificidade e resposta instantânea. Em outras palavras: Porque partir pra o ataque quando não há ofensa?
O praticante de Wing Chun aprende a ser pacífico, uma vez que absorve realmente a filosofia da arte, não sente necessidade de ofender, mas ao sentir-se ameaçado, ele responde automaticamente de acordo com a necessidade que exige a situação, destruir imediatamente ou poupar-se poupando também o oponente, nunca agindo impulsivamente ou demasiadamente, mas sim sempre em equilíbrio e suficiência, para assim haver eficiência sem gasto desnecessário. Não se trata de estética, muito menos de um "joguinho para ver quem é mais rápido".


         LEMA DO FILME: "Nas artes marciais não existe certo ou errado, apenas o último homem de pé"















terça-feira, 28 de agosto de 2012



Nesta leitura você conhecerá a historia do encontro de Li Hon Ki com Duncan Leung, Mestre Li Hon Ki havia treinado com varios mestres diferentes da sétima geração como Ho Kam Ming, Ng Chang, Koo Sang, e Ng Ken Po, e somente após conhecer Duncan Leung, finalmente conheceu o  “verdadeiro espírito do sistema”, depois de mais de vinte e cinco anos de busca.

Ao final você encontrará ilustrações do livro. 

Fonte: Wing Chun Warrior - Duncan Leung's True Fighting Episodes


Capitulo 1

O Professor Humilhado

Virginia Beach
1993

O sapo no poço
井底之蛙
 (jing di zhi wa)
Zhuangzi (莊子, 350-286 A.C.)


   Zhuangzi foi um filósofo taoísta do Período dos Reinos Combatentes (475-221 A.C.), que usou fábulas, muitas vezes engraçadas, para transmitir lições de moral. Ele foi o principal descendente espiritual de Laozi (老子), fundador do taoísmo. O sapo no poço é um conto de Zhuangzi bem conhecido que adverte sobre a imposição de nossa perspectiva limitada sobre a vida.
 "Você está consciente”, Zhuangzi parece perguntar "da limitação imposta pela sua própria ignorância?”
veja a narração do professor Li Hon-ki, dita em suas próprias palavras, sobre seu encontro com Duncan Leung:

Eu era um fanático por artes marciais desde a minha adolescência, tenho estudado um conjunto de sistemas, incluindo vários estilos de Kung Fu. Em 1965, quando eu tinha 13 anos, comecei a aprender Zhou Jia (周家) e Hong Quan (洪拳).

Em 1968, Bruce Lee tornou o Wing Chun conhecido mundialmente, e como muitos de meus contemporâneos, eu mergulhei com entusiasmo.
Nos próximos três anos, eu aprendi com um instrutor de Wing Chun da sétima geração. Eu trabalhei duro e atingi um nível em que manipulava o homem de madeira, facas duplas e o bastão longo, Mas, eu sentia que faltava algo. Entre 1971 e 1973, estudei com mais três instrutores de Wing Chun, também da sétima geração, para garantir que eu havia aprendido tudo o que tinha para aprender.

Durante este período eu também aprendi Tai Ji Quan (太极拳), Tae Kwon Do e Karatê, o suficiente pra dizer; eu era versátil.Em 1973, ganhei a “Hong Kong Tae Kwon Do Open Championship”. Em 1977, eu fui vice-campeão na “Hong Kong Kung Fu Association competition”. Eu estava confiante nas minhas capacidades e muito orgulhoso de mim mesmo.


Mestre Li Hon Ki praticando Hung Gar


Em junho de 1979 eu deixei Hong Kong e fui para o Brasil e começei a ensinar Kung Fu lá. Eu ensinei Hong Quan, Tai Ji Quan e Wing Chun.
Não demorou muito para me tornar um instrutor estabelecido. Além disso, eu continuei a minha própria aprendizagem.
Meu maior problema foi contra chutes. Pugilistas tailandeses são bem conhecidos por seus chutes violentos e paralizantes. Sem um treino especial para fortalecer as minhas pernas, eu não iria poder nem levantar se um Thai Boxer desse algum chute em qualquer parte das minhas pernas, naquele momento, eu senti a necessidade de aprender Thai Boxe porque Wing Chun mal tinha chutes ou o treinamento para fortalecer os membros inferiores. Mais tarde fui perceber como foi errado pensar desta forma.

Oyama Karate era bastante popular no Brasil, e assim como os praticantes de outros sistemas de artes marciais e estilos de Kung Fu, eles tiveram que aprender chutes de Muay Thai para poder ter algum
a chance contra Thai Boxers. Eu aprendi as tecnicas de um praticante de Oyama Karate que veio a mim para estudar Wing Chun.

Durante os próximos cinco anos, eu pratiquei até poderquebrar uma madeira dois-por-quatro com as minhas canelas. Eu poderia suportar qualquer chute nas pernas, de qualquer estilo ou sistema, fiquei extraordinariamente orgulhoso dessa minha realização, eu sentia que poucos praticantes de Wing Chun poderiam se igualar a mim.

Em 1993, a crise financeira no Brasil me obrigou a deixar São Paulo e ir para Nova York. durante os próximos anos eu tive uma clínica de medicina tradicional chinesa lá, e o meu negócio floresceu.

Naquele ano, fui convidado para fazer uma demonstração no Campeonato Mundial de Kung Fu em São Francisco. O que poderia ser mais gratificante para o meu ego do que poder mostrar as proezas dos meus chutes diante do mundo? diantes de um grande público e com a cobertura completa da televisão, com meus assistente segurando firme um taco de beisebol perpendicular ao chão, com um único chute eu quebrei ele ao meio com a minha canela esquerda, nada mal para habilidades com chutes.

No entanto, havia uma pessoa que eu respeitava que não se impressionava nem com minha proesa e nem com meu kung fu - o meu irmão mais velho Albert. Ele sugeriu que eu fosse me encontrar com um velho amigo dele em Virgínia.
Durante anos ele foi me contando sobre Duncan Leung e sua magistral habilidade de arte marcial, francamente, eu já estava cansado de ouvir sobre esse cara, e se ele for da sétima geração de Wing Chun? Eu tinha aprendido não com  um, mas com quatro especialistas da sétima geração. O que mais alguém poderia me ensinar? Finalmente, desgastado pelo meu irmão persistência, mas muito cético, eu viajei com ele com uma certa relutância pra Virginia Beach, um balneario na costa da Virginia.


                                                Grão Mestre Duncan Leung e Mestre Li Hon Ki em Virgínia.


Fomos convidados a nos hospedar na casa de Duncan. No dia seguinte após a nossa chegada, eu acompanhei Duncan não a sua academia de Kung Fu, que era o objeto de minha visita, mas ao seu escritório, pendurado em torno das 9:00 da manhã até 5:30 da tarde. Sempre que eu mencionava Wing Chun, ele mudava de assunto, fiquei muito chateado, afinal, eu fiz todo o caminho de Nova York, pensando em artes marciais, e aqui ele não quer sequer discutir o assunto.
Duncan percebeu minha frustração. "O que você quer", ele perguntou.
"Meu irmão me disse que você é um especialista em Wing Chun, e eu quero ver o que você sabe.”

Duncan não parecia muito interessado.

"O que você aprendeu?"

"Eu aprendi tudo, boneco de madeira,facas duplas e bastão longo".

"Você aprendeu tudo. Não há nada mais que eu possa te ensinar. "

"Por que não fazemos um Chi Sau?" Eu o desafiei.

Chi Sau (黐 手) é um exercício único do Wing Chun, em que os praticantes melhoraram a sua sensibilidade em contato com um oponente.
O aspecto mais importante do treino de Chi Sau é cobrir as áreas expostas. Este é um grave equívoco, mesmo entre muitos instrutores de Wing Chun.
Eu tinha orgulho do meu Chi Sau. Eu ainda não tinha encontrado outro praticante de Wing Chun que pudesse me superar. Duncan podia ver como eu estava ansioso para exibir a minha habilidade em Chi Sau, e ele decidiu me dar a oportunidade de mostrar.

Ele se levantou de sua cadeira. Caminhou à frente de sua mesa, e me chamou para levantar também, eu levantei da minha cadeira e caminhei para a frente de sua mesa.
Assim que nossos braços se entrelaçaram, eu sabia que seria derrotado.

O antebraço dele se agarrou ao meu como serpentes entrelaçadas!
Em vão eu puxei e empurrei, mas não sentia nada!
Onde estava a minha percepção sensorial? Duncan olhou como se ele estivesse em transe, havia um sofá atrás de mim no escritório, e sempre que eu tentava puxar empurrar, eu era vergonhosamente jogado de volta para o sofá.
Duncan  não mostrava sentimento de triunfo, de fato.Ele parecia completamente indiferente, exceto que deve ter sentido pena dos meus alunos do Brasil!
Será que ser jogado no sofá três vezes seria suficiente para me convencer que eu tinha encontrado meu mestre? Ainda não - Eu era teimoso.

Eu ainda tinha poderosos chutes no meu arsenal de truques.

"Duncan, seu Chi Sao é surpreendente, agora eu sei o que realmente é Chi Sao. "

"Esquece, estou certo de que existem outros caras melhores do que eu. "

"Eu sei que Wing Chun quase não tem chutes, você consegue parar meus chutes? "

"Você está certo, no Wing Chun não tem praticamente nenhum chute, os pés não são para chutar, eles são para quebrar. "

"O que você quer dizer?"

"Uma das técnicas mais difíceis do Wing Chun é o domínio das habilidades de chutes. Os chutes de Wing Chun são poderosos e eles quebram as pernas do oponente. "

"Eu não acredito nisso. Tente me mostrar”. Eu deveria ter percebido que estava arrumando problema, mas eu tive que mostrar a proeza dos meus chutes.

"Eu só te digo que vou quebrar sua perna, se você tentar me chutar. "

"De jeito nenhum!" Minhas pernas eram a minha obra-mestra. Elas quebravam bastões de beisebol.

Mudei para a postura de combate, enquanto Duncan só ficou calmo com os braços atrás das costas (tal como testemunhou seu Sifu Yip Man fazendo em Hong Kong em 1955,  diante de um disafiante - ver Capítulo 12). No momento que eu balancei meu poderoso pé esquerdo para ele, o pé direito dele já estava lá para atender o interior do meu joelho esquerdo! Ele apenas o tocou, e eu perdi o equilibrio. Percebi que ele poderia facilmente ter quebrado.

"Eu quero que você seja meu Sifu, por favor, aceite-me ", eu humildemente supliquei.

"De jeito nenhum. Eu não posso aceitá-lo "

Eu sabia que era por causa da minha arrogância que ele havia sido duro comigo, mas eu comecei a implorar para Duncan, mas a sua resposta ainda era negativa.

"Enfim, você mora muito longe."

Nem meu irmão albert poderia mudar a mente de Duncan. Deixamos Virginia Beach e voltamos para Nova York, eu sentia muita pena de mim mesmo. Todos os anos de trabalho duro estudando Wing Chun foram inúteis, o que eu aprendi? Duncan poderia quebrar meu joelho, forçando-me a ajoelhar-se diante dele e suplicar.

Talvez então ele me aceitou por simpatia.

Eu ponderei as ultimas palavras de Duncan: "Você vive muito longe ", e me perguntei se essa era a minha salvação. Era isso! Eu ia viver tão perto que ele não teria nenhuma desculpa para me recusar novamente.

Determinado, fui ver Ma Man Nam, primeiro duscípulo de Duncan (ver Capítulo 25), para pedir o seu conselho, ele me contou sobre a cerimônia Culto especial do Sifu (拜師儀式 - ver Capítulo 6) e me ensinou como preparar. Fechei a minha atividade médica,e com a bênção de Albert, eu deixei Nova York e fui para Virginia Beach.

Dois meses depois do nosso primeiro encontro,Duncan abriu a porta de sua casa e me encontrou em pé lá segurando duas malas.
Ele ficou chocado. Mas ele percebeu o tamanho da minha determinação e aceitou ao meu pedido. Após anos de pesquisa, eu finalmente encontrei o meu mestre.
A Cerimônia do Sifu (Bai Si)foi tradicional, tendo sido ensaiada por Ma Man Nam, eu comprei incenso, arroz, vinho, pequenas xícaras de porcelana, uma urna, porco assado, o bi shi tie (拜師帖) e o envelope vermelho (Hung Bao). Após as três ajoelha e nove reverências, me tornei um discípulo da Oitava geração, Duncan Leung se tornou meu Sifu.

Quando fui pela primeira vez em sua academia, vi seus alunos e discípulos fazendo sparring entre si, e eu estava ansioso para participar, mas Sifu me disse que eu não tinha chance contra eles. Para satisfazer a minha curiosidade, ele pediu a um garoto de 15 anos de idade, fazer sparring comigo.

Sifu estava certo. Eu não aguentava o seu bombardeio, pois eu não sabia como cobrir, fiquei ainda mais desmoralizado quando ele me contou que o menino treinava com ele por apenas nove meses! Mas ele me disse que após um ano de intenso treinamento eu deveria ser muito melhor, porque eu ja tinha base sólida.
Durante os próximos dois anos, trabalhei e aprendi com a orientação do Sifu Duncan, o treinamento foi realmente intenso.

Tudo o que ele ensinava era tão diferente do Wing Chun que eu tinha aprendido antes, eu estava aprendendo Applied Wing Chun.
No fim de 1994, voltei para o Brasil, e pela primeira vez na minha vida, interiormente me senti como um homem. Sifu não se limitou a me ensinar apenas a auto-defesa dele, eu desenvolvi verdadeira auto-confiança e auto-estima, de fato.O credo de Duncan Leung Wing Chun Academy é Confiança, Defesa, estima.
E não surpreende o fato de que, assim como meu Sifu foi, eu também era ridicularizado por outros professores que disseram que o que eu estava ensinando não era Wing Chun, mas eu podia perdoar sua ignorância, pois eu já havia estado entre eles, até que a sorte me mostrou o erro dos meus caminhos.
KIAI Kung Fu Magazine foi o mais popular publicação de artes marciais na época, a revista pediu para me entrevistar, e esta entrevista iria mudar minha vida.
Os temas abordados eram Kung Fu tradicional, medicina chinesa - o que inclui a arte do diagnóstico,acupuntura e ervas medicinais - e filosofia oriental. Durante a entrevista, eu também lancei um desafio aberto aos praticantes de Kung Fu e artistas marciais, especialmente os céticos de Wing Chun.

A entrevista chamou a atenção dos administradores da UNEB, Universidade do Estado da Bahia, que então me convidou para ensinar Applied Wing Chun nessa instituição. Mais tarde, eu iria trabalhar com a universidade na pesquisa de medicamentos fitoterápicos. Em 1996, fui convidado para a cadeira de professor titular em chinês, Medicina tradicional e Estudos Orientais, desde então, eu venho ensinando acupuntura, ervas medicinais, massagem, Qi Gong (气功) e Estudos Orientais na UNEB, na Bahia e filiais da Universidade de São Paulo e Rio de Janeiro.

Meus alunos foram vencedores em 1996 do campeonato mundial de Wushu em Zhengzhou (鄭州), Província de Henan (河南省)China, e em 1998 no campeonato mundial de Guoshu em Taipei.
Atualmente, atuo como Consultor e Instrutor Chefe para federação de Kung Fu do Brasil, e Diretor e instrutor do Comitê de Wushu Olímpico do Chile.
Eu continuo visitando meu Sifu e aprendendo com ele sempre que possível, geralmente no verão, agora eu percebo que ainda há muito o que aprender com ele, e eu só desejo ter tempo para estudar mais.
Como prova da minha estima por Sifu, eu ensino Applied Wing Chun. Se eu tiver que usar uma palavra para descrever o meu Sifu de Applied Wing Chun, ela é: incomensurável!






Fonte: Wing Chun Warrior - Duncan Leung's True Fighting Episodes






sexta-feira, 10 de agosto de 2012


                                                                     Entrevista Duncan Leung


                                   



O CONTRADITÓRIO “GÊNIO NEGRO” DO WING CHUM FALA SOBRE YIP MAN, BRUCE LEE E O QUE HÁ DE ERRADO COM SUA ARTE.
“Eu me lembro muito bem das duas primeiras vezes que briguei com alguém armado de faca. Ao invés de fugir como antes, eu lhe mostrei uma faca”.
“Eu pude sentir meu corpo inteiro congelar. Meus braços e pernas de repente se sentiram tão fracos que se meu oponente se contraísse, meu coração tentaria pular fora do peito”.
“Eu fico pensando: ‘Será que a lâmina é muito amolada?’... ‘Como seria se eu me cortasse? Minha boca estava bem seca. Eu pude ver que os olhos dele também estavam cheios de medo...’”.

Tirado da introdução do Manual de Luta com Faca de Duncan Leung de acesso apenas a soldados e policiais.
Duncan está sério. Ele não sorri, ele não está brincando.
Hoje em dia ele é um esbelto fumante de 52 anos, de pouco cabelo e bigodes grisalhos. Não é velho, não é novo, mesmo assim ainda está comandando.
Parte disso deve-se a sua voz profunda – parece a de Yul Brynner – e outra parte do seu olhar.
Quando ele te olha, você sente que Sifu Leung está tomando suas medidas... Contra gigantes.


FLASHBACK – Hong Kong, 1956, Duncan Sil Hung Leung, aos 15 anos, está lá fora correndo na sacada.
Bruce Lee aparece e grita: “Tenho algo novo para te mostrar”.
Duncan gosta de Bruce. Sua prima, que é atriz de filmes, os apresentou. Esses dois caras têm um interesse em comum: vencer brigas de rua.
Então os dois se juntam na sacada para testar a novidade. Duncan não está muito preocupado; está acostumado com as coisas de Bruce. Eles começam a fazer sparring.


QUARTO DE RESPIRAÇÃO
Duncan Leung conta a história com seu vozeirão, 40 anos mais tarde.

“Depois de um tempo eu disse, ‘Ainda não tem espaço suficiente’.
Aí fomos para a colina. Espaço não faltava lá, mas...
‘Onde você aprendeu isso?’ Perguntei pra ele – a técnica era “caça punhos”. Ele me disse que tinha um professor novo e que ele gostaria que eu conhecesse.
O nome do Sifu era Yip Man”.

Uma pausa cheia de respeito e curiosidade interrompe a conversa.
Que privilégio ter sido ensinado pelo pai do Wing Chun moderno! Lembra como Sifu Man foi retratado em Dragon? Como um velho Santo de olhos brilhantes, como Ghandi no corpo de George Burns interpretando Deus.
Hoje Duncan é diretor de administração de uma companhia de importação – exportação com escritórios em Virgínia Beach e Hong Kong. Previamente ele desfrutou de sucesso em caças diversas como a filmes de Hong Kong (onde ele produziu 24 longas-metragens) a armas de fogo (de uma só vez ele foi o décimo quinto maior importador dos EUA). E quando ele viajava internacionalmente para ensinar Wing Chun era o mais bem pago do circuito.

O amigo de Bruce Lee ainda é o mais intensamente provado e menos publicado de outros grandes no renascimento de meio século das artes marciais de Hong Kong. Lidar com ele talvez leve a vê-lo como um anti – Bruce: ‘gênio negro’ do renascimento dourado do Wing Chum.

REVOLUCIONÁRIO
Duncan Leung não é um gênio somente por ter trocado golpes com lendas. Ou porque desde a sua adolescência ele nunca perdeu uma briga (e briga de rua é sua maior paixão – “diariamente. Durante anos. É divertido”). No entanto, Duncan fez o que os gênios fazem – revolucionou.
Duncan Leung alterou radicalmente a natureza da defesa pessoal por toda uma geração de praticantes, nos bastidores, como Bruce Lee fez publicamente. Como? Durante vinte anos ele ajudou a redefinir combates para mulheres e homens americanos de uniforme, aqueles parecidíssimos com a luta mortal: nossas forças armadas e autoridades legais.


                                 
                                           Duncan Leung e Swat Team (Virginia Beach)

Mais do que apenas um artista marcial profissional, Leung é um profissional de profissionais. Ele não treina alunos, mas os instrutores, que são mais difíceis de impressionar.
Duncan já foi tutor das tropas de choque mais fortes do planeta, Navy SEALS. Atrás de sua carteira tem placas do Team Two e do Team Four: “Pelas lições bem ensinadas”. Ter treinado SEALS é um certificado de conhecimento avançado – já que pode impressionar SEALS...


                                 
                        Christof Battler Aplicando o que Duncan Leung Ensinou (SEAL TEAM)       
    
                                  




Vamos ouvir David K. Paaina, instrutor chefe Hand to Hand do SEAL Team Two:

“Suas maneiras afáveis, a intensidade com a qual ele ensina e a maneira com a qual ele conduz os negócios me levam apenas a concluir uma coisa; que ele é o melhor profissional que eu já vi.
Qualquer que sejam seus esforços, eu apoio Duncan de todo.
De mim e de meus colegas de time partem agradecimentos e gratidão de coração”.


Da Marinha, do Exército, do FBI, da Polícia da Virgínia, Duncan Leung tem mais cartas de tributo do que ele pode emoldurar, tem mais placas do que paredes para colocá-las. Só tem um pequeno espaço para o Colt 45, gravado, presenteado pelo FBI.


                                  
                                                              Duncan Leung e Swat

                                           
                                          Duncan lecionando na Polícia de Virgina Beach


VINDO DAS SOMBRAS
Aqui está um homem extraordinário, aparentemente no auge dos seus poderes. Ainda que recentemente isso tenha ido adiante, fora das suas da sacola preta de operações e informações classificadas para dar consultoria, Duncan Leung diz que sua missão está cumprida: “estou cansado e de saco cheio de qualquer arte marcial”.
Duncan olha para baixo para jogar o cigarro fora. É difícil não dar uma olhada na sua cicatriz de novo. Parte de sua ‘geniosidade negra’ deve-se às suas cicatrizes.


FLASHBACK – Cantão, China, 1942. Duncan nasceu numa família de boas condições. Seu pai era dono de jornais. Vários anos mais tarde eles se mudaram para Macao, quando aconteceu uma tragédia: Duncan testemunhou o assassinato do próprio pai. Está é a cicatriz interna.
Aos sete anos, um trabalho dentário fica infeccionado e leva à cirurgia que, infelizmente, também é mal feita. Resultado: sua mandíbula carrega uma cicatriz profunda, na frente de sua orelha direita. Está é a cicatriz externa.
Então o destino entra em cena, como não poderia deixar de ser: os médicos sugerem artes marciais como terapia pós-operatória. Foi assim, portanto, que tudo começou, para trazer sua cura.


                                                 


“No começo eu não queria aprender a lutar. Mas depois que eu aprendi artes marciais, fiquei interessado em - eu era um menino mau, de qualquer forma – em machucar pessoas. Eu pensei: ‘É um jogo, é bom, é divertido.’. E comecei a gostar da idéia”.

“Aí você iria lutar com Bruce”.

“Não tanto quanto os jornais dizem... Bruce Lee era bom. Ele era bom quando treinávamos junto com Yip Man, e mais tarde (quando voltou de Hong Kong) era melhor ainda. Significava muito para mim o fato do Bruce Lee ter mantido contato comigo”.

ANOS DE EXPERIÊNCIA
A entrevista de Duncan se passou no espaço da escola de Wing Chun, que ele divide em noites alternadas com seu amigo Sifu Hoy Lee, o sênior americano de Jow Ga.
“Por que você está concedendo uma entrevista de artes marciais depois de tantos anos?”.

“Não é para me promover” Não estou mais ensinando. Mas... Eu me sinto na posição de contar minha experiência para as pessoas pelo inferno que passei adquirindo-a.
Sim, eu quero que as pessoas entendam – O que é arte marcial? A arte é – Eu posso te bater, mas você não me bate. E eu quero que saibam – qual a melhor arte marcial? É aquela que te traz confiança, que te convence e que combina com você. Quem é melhor professor? Não é o quanto o professor é bom, mas sim o quanto ele te faz bom.
Por último, o que é Wing Chun? Você domina o seu oponente não pela força ou pela velocidade, mas encurtando sua distância, quebrando seu ritmo – e avançando. Porque eu quero fazer com que você venha a mim.
E só há uma maneira de descobrir o que é útil ou não, se você aprendeu alguma coisa ou não. Tente. Justamente como Old Man nos ensinou: ‘ Quer saber o quanto você é bom? Arrisque, procure briga’. E se você foi bem treinado você não vê, você não enxerga. Apenas reage.”


                                                
                                                                        Duncan treinando com arma Bat Jam Do      

                                              
E quanto mais ele fala de Yip Man, mais óbvio fica que Duncan o venera. Old Man odiava estrangeiros. “Ele cobrou $8, 00. Comecei a treinar com Bruce. Mas continuei observando o que os alunos mais velhos estavam fazendo. Depois fui até Old Man e disse: ‘Isso é tudo?’ É que eu não estava muito impressionado. ‘O que você espera por $8,00?’, ele me perguntou: tem $300 aí?”.

“DEFENDENDO A TIGELA DE ARROZ”
Duncan explica que se Sifu Man tivesse que expor os principais ensinamentos do Wing Chun para os alunos menos informais, em breve ele os veria abrindo escolas concorrentes na mesma rua. Old Man estava apenas 

“defendendo sua tigela de arroz”.

Então Duncan fez que sua mãe pagasse, durante anos, por aulas particulares. O resto é história. Ele seguiu adiante para se tornar um dos dois ou três melhores lutadores de Wing Chun de sua geração, nivelando-se a Willian Cheung, quem ele conhece e admira.
“E quanto à herança de Yip Man?”.

“O Old Man criou dois problemas... Hoje em dia você vê o Wing Chun, todos pensam que estão fazendo a coisa certa, no entanto 99% das escolas que você for, ensinam de jeitos diferentes. Por quê? Todas vêm de Old Man”.
“Bem, dizem que ele modificaria os ensinamentos de acordo com...”.
“Não. Wing Chun é muito abstrato. Ou você entende ou você não entende. Se não entender, pergunte assim, ‘Sifu, está certo assim, não é?’
Ele sempre disse; ‘sim, você é um gênio, você é o melhor’. Então, o que você pode pensar? ‘Ora, estou fazendo direito, ele (seu colega) está fazendo errado’. E é por isso que – mesmo estilo, ensinando do mesmo jeito – todos fazem diferente.
O segundo problema, ele não te ensinaria nada se não fosse pago suficientemente”.

“Qual foi a lição mais importante que ele te ensinou?”.

“Old Man disse: ‘não acredite em mim. Descubra por você mesmo se funciona ou não. Daí você sabe se fez certo ou errado; daí você tira se o que eu te ensinei é bom ou ruim’”.

“Ele te ensinou a procurar briga?”.

“Nos levou a elas, para falar a verdade”.

“Você não pode fazer isso com os alunos hoje em dia, ou pode?”.

“Não. Old Man disse também: ‘Quer fazer o melhor nas artes marciais? Você tem que: ser jovem quando quiser aprender. E tem que ser impulsivo. Jovem e impulsivo. E tem que ter tripas, ser capaz de suportar alguma dor. Tem que ser rico, para poder me pagar. E acima de tudo, não ter hábitos’”.

“Não ter maus hábitos”.

“Não, nada a ver com fumo ou bebida. Não ter hábitos – problemas familiares, garotas, seus problemas de infância, os problemas de seus pais”.

No mesmo ano em que Bruce Lee deixou Hong Kong, para ir para os EUA, Duncan se mudou para a Austrália. Eventualmente, ele se viu muito envolvido com importação-exportação DOW UNDER, o que significou bastantes viagens.

CONCLUINDO
Em 1970, durante uma viagem de negócios a Nova Iorque, Duncan recebeu uma oferta de trabalho que consistia em dar aulas particulares. Como houve divulgação boca a boca, e com isso Duncan se encheu de clientes, ele abriu sua primeira escola americana na 2 Greet Jones Street Chinatown, Nova Iorque. A América descobriu Duncan Leung.
Houve várias jogadas rancorosas associadas com seu pioneirismo em ensinar em escolas de livre acesso, nesses dias sempre houve sifus que se sentiriam chamados pela honra para desafiá-lo por ensinar “segredos” chineses a “estrangeiros diabólicos”.
No Koon (academia) da rua Great Jones, uma “disputa com o portão fechado”, passou a significar que os oponentes de Duncan não conseguiam sair antes de serem jogados pra fora.

“Como você espera que eu te demonstre o Wing Chun? O único caminho é: ‘Okay,Teste-me’”.

Um dos professores que testaram Duncan foi Ron Van Clief, visto recentemente lutando contra Royce Gracie no Ultimate Fighting Championship IV. Na tradição de seus estilos, Duncan e o Dragão Negro tornaram-se amigos. Eles ainda fizeram um poucos de show business e história das artes marciais juntos através da co-produção do primeiro kung fu na Broadway, uma revisão de astros chamada “Kung Fu - Uma mística excursão no mundo da defesa pessoal oriental”


                                               
                                                               Duncan e Ron Van Clief


“Todos estão fazendo Chi Sao demais” ele diz sobre o Wing Chun de hojePor quê?“Eles não tem ensinado para você nada além de Chi Sao. Wing Chun é famoso por causa do Chi Sao. Sim, isso é coisa mais importante – para um iniciante”.
“Mas quem luta com Chi Sao? Como se não há contato? Seu oponente não tem de estar em contato para lançar um chute ou um soco em você. Chi Sao é importante para aprender sensibilidade, mas o mais importante é aprender a se cobrir”.
“Veja, nós não bloqueamos. Nós cobrimos. Bloquear nunca funciona. Bloqueando, você tem de ver o que acontece, então você se protege. Cobrir é: antes de acontecer, você se cobre. Então eu sempre estou um passo à frente de você”.
“Na maioria dos estilos, eles batem uns nos outros. No Wing Chun, eu estou cobrindo e batendo ao mesmo tempo. Nós fazemos tudo simultaneamente. Resultado: Eu sou duas vezes mais rápido, e eu não sou atingido”. Pausa.
Nós interceptamos (chutes) usando chutes baixos de parar chutes. Você não pode me alcançar, eu vou parar a sua perna primeiro Se eu estou chutando suas pernas, eu tenho melhor alcance do que você, e é mais rápido (chutando baixo, em vez de chutar acima da cintura).”
“E há prática solo (sem parceiro) demais. Wing Chun precisa ser pré-definido através de repetição, dois a dois, não sozinho. E quando eles fizerem sparring, eles não devem ficar se espancando. Isso é estúpido. Aprenda como não ser atingido.”

Já passa da meia noite quando Duncan finaliza seu interrogatório. O próprio entrevistador está preto e azul de algumas das vigorosas “explanações”. Boas-noites são ditas, ele aperta as mãos com firmeza. Ele é pequeno e blasé, e ainda depois de alguma emoção ríspida, o que Duncan Leung inspira em outro homem, além de respeito é...Lealdade.
Na manhã seguinte seu amigo Hoy Lee tenta colocar uma boa expressão na conversa sobre a aposentadoria de Duncan. 

“Talvez ele irá apenas dar um tempo por ora...” Ele comenta, “você conhece artes marciais. Épocas boas, algumas ruins, mas isto está sempre em seu sangue.”

Bem que Bruce poderia parar mostrar a Duncan um novo movimento, você não acha?


Por Herb Borkland, que é um freqüente colaborador da revista “Inside Kung Fu”. A última vez que escreveu foi sobre o Sifu de Maryland, Hoy Lee, na matéria de agosto de 1995

terça-feira, 31 de julho de 2012




                                      O que Yip Man me ensinou sobre velocidade


 Por : Duncan Leung


Recentemente, um conhecido me deu uma cópia do Qigong / Kungfu Magazine, a edição de março de 1999, que incluiu um artigo escrito pelo Mestre Ron Heimberger. Meu amigo não entendeu muito bem os princípios que o Mestre Heimberger estava tentando elucidar. Por causa da minha experiência como aluno privado de Yip Man, e meu envolvimento subsequente em Wing Chun Kung Fu, ele pensou que eu poderia ser capaz de lançar alguma luz sobre o assunto. Peço a indulgência do leitor para a minha tentativa de explicar o que Yip Man me ensinou.

Como o meu Inglês não é muito bom, eu li o artigo várias vezes. Fico feliz que o Mestre Heimberger seja gentil o suficiente para tomar seu  tempo para educar o público. Se todos os instrutores de Wing Chun possuissem uma mente aberta como a dele, receptivo à razão, e estivessem dispostos a ter o trabalho de explicar suas idéias e experiências para os outros, tenho a certeza que iria beneficiar a todos os interessados na arte. No entanto, existem algumas partes no artigo do Mestre Heimberger com a qual eu não concordo. Alguns pontos que o autor faz, são um tanto obscuros para mim, especialmente suas referências a Jacob Bronowski e Albert Einstein. Por exemplo, Mestre Heimberger menciona que Bronowski - comentando sobre a Segunda Lei de Newton - disse que a força é igual a massa multiplicada pela aceleração ao quadrado. Isso me confunde, porque, como eu o entendo, a segunda Lei de Newton afirma que  F = m.a, e não multiplicada pela aceleração ao quadrado.
 
Como o Sr. Heimberger discute velocidade no Wing Chun, gostaria de tomar a liberdade de partilhar a minha interpretação dos princípios e teorias sobre a velocidade com base no que Sifu Yip Man me ensinou e na minha própria experiência. Naturalmente, o que eu escrevo aqui é filtrado através das minhas próprias percepções e preconceitos, eu certamente não tênho a pretensão de falar para a família Wing Chun, e gostaria de receber a correção que é oferecido. Isso certamente iria me ajudar a melhorar. A minha esperança é que muitos adeptos do  Wing Chun irão compartilhar suas idéias com todos nós, não importa o que eles aprenderam. A experiência de usar as técnicas de Wing Chun no combate é o que conta. Afinal, nenhuma única luta é a mesma. Nós podemos sempre aprender algo novo, ou - ganhar ou perder - descobrir algo de cada encontro.
O que faz o estilo Wing Chun tão interessante é que a pessoa não tem que confiar na constituição física, mas em uma seqüência lógica de movimentos econômicos. Certamente, a velocidade é extremamente importante na luta. Entretanto, não importa o quão difícil se treina, há quanto tempo trabalha para melhorar, há sempre as limitações físicas. Você sempre pode encontrar alguém mais rápido do que você. Algumas pessoas simplesmente nasceram com mais talento. O Wing Chun permite uma possibilidade de superar a velocidade inerente de um adversário superior, aplicando os princípios da arte. Yip Man ensinou que no Wing Chun, há vários tipos de velocidade. Se você não consegue superar o seu adversário com um tipo de velocidade, você pode vencê-lo com outro. Em outras palavras, se você pode aplicar as teorias de velocidade do Wing Chun, você pode realmente se tornar mais rápido. A este respeito, há quatro áreas de interesse:
1. VELOCIDADE DE TRAVESSIA: Este é o tipo de velocidade que normalmente se referem, ou seja, um soco ou chute, a velocidade que a velocidade pode ser calculada em metros por segundo. Com a prática constante, haverá uma gradual melhora na velocidade do movimento.
2. VELOCIDADE DE DISTÂNCIA: a teoria da linha reta do Wing simplesmente afirma que uma linha reta entre dois pontos é a distância mais curta. Portanto, perfurando em linha reta é mais curto e mais rápido do que um soco gancho ou um swing. Para trazer seu pé com um chute na cabeça cobre uma distância superior a um soco curto e mais rápido para a cabeça. É o mesmo que tentar dar um soco na a canela, ou seja, é muito mais curto e mais rápido para chutar a canela. Para usar uma analogia: se você e eu ficarmos na frente de um prédio e fazer uma corrida até a porta traseira e você ir ao redor do edifício, enquanto eu vou direto pela construção da porta da frente para a porta de trás, você pode ser o corredor mais rápido, mas eu posso chegar lá antes de você, porque eu tenho menos distância a percorrer.
3. VELOCIDADE DE LEITURA: Em uma posição de repouso, quando se tenta dar um soco pesado ou tenta chutar com força, é típico erguer para trás a perna ou o braço antes de executar o movimento. Isto não só telégrafa os movimentos, mas também desperdiça um tempo precioso em um movimento extra. No Wing Chun, o poder não é gerado apenas pelo movimento da mão ou na perna, por isso não há necessidade de erguer para tomar distancia. No corpo, um lado usa o outro para puxar de volta, girando para empurrar o soco ou chute simultaneamente. Por exemplo, se alguém vai dar um soco esquerdo, um poder inicia puxando o braço direito e ombro para trás tão rápido quanto pode, e ao mesmo tempo soca com a mão esquerda.
4. VELOCIDADE DE REAÇÃO: Em geral, as pessoas passam mais o seu tempo praticando suas técnicas e suas formas sozinhas, até que eles são muito bons com todas as técnicas, mas no combate real a aplicação é ineficaz. Isso é como aprender a andar de bicicleta, sentando em uma cadeira movendo as as pernas e os braços simulando a experiência de bicicleta. Quando essa pessoa realmente tenta andar na bicicleta, certamente irá cair. Isso ocorre porque os reflexos adequados e sensação de equilíbrio não foram desenvolvidos. Ip Man costumava dizer que se você quer aprender a nadar, vá até a água, não apenas moa seus braços e pernas e pense que você é um nadador. Uma luta requer pelo menos duas pessoas. Você pode treinar e lutar com você mesmo durante todo o dia, mas se você não aplicar as técnicas com outra pessoa, você não irá muito longe.
O Wing Chun possui apenas três formas, depois de aprender e compreender a primeira forma, treine com  Chi Sau, que exige duas pessoas, é apartir do qual se desenvolve o sentimento de contato e reflexo. Depois, há os exercícios das técnicas que também exigem duas pessoas, quanto mais você trabalha com os exercícios, mês a mês, se tornam hábitos de natureza, em segundo lugar, quando um ataque vem você vai reagir a ele sem pensar. Uma luta acontece tão rápido, e você pode ficar irritado, zangado, despreparado ou até mesmo com medo, não há tempo para pensar.
Essas são as teorias do Wing Chun sobre velocidade que eu aprendi de Yip Man.

SiFu Duncan Leung



Texto sobre velocidade traduzido a partir do texto publicado na homepage de Duncan Leung